ARANHA VENCE O JOGO, O RACISMO, MAS ÁRBITRO, NA SÚMULA, IGNORA OFENSAS AO GOLEIRO DO SANTOS
Sábado, 30 de Agosto de 2014
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Goleiro sofreu ofensas racistas por parte da torcida do Grêmio
na vitória santista por 2 a 0
Quando alguém de manifesta de forma
racista, tem a enorme chance de ferir profundamente o alvo de seu ataque. O
palavrão puro e simples é inofensivo se comparado às palavras de tal viés. É
aquela frase que faz o cidadão negro lembrar de situações humilhantes vividas
por ele ou pelos seus. Algo absolutamente repulsivo e que machuca pra valer.
Uma bomba capaz de desestabilizar emocionalmente o cidadão.
Num jogo de futebol a chance de sucesso dessa deplorável investida é sifgnificativa. Aranha foi vítima ataque do gênero. Ferido, se revoltou. Mostrou a todos o que estava acontecendo no segundo tempo de Grêmio 0 x 2 Santos, em Porto Alegre. Uma minoria gremista atingira profundamente o arqueiro santista. Só ele e quem já sentiu isso na pele pode realmente expressar o quanto machuca, revolta. Mas mesmo quem não é negro e jamais foi chamado de "macaco" pode imaginar, se quiser.
Por isso é preciso repercutir, sim, episódios como o ocorrido durante o ótimo jogo disputado na Arena do Grêmio. Para que todos saibam, mesmo aqueles que nem acompanham futebol. O racismo não pertence ao nosso esporte, mas nele se infiltra porque o jogo está na sociedade inserido. E ela é, algumas vezes, racista. Se acontece enquanto a bola rola repercute mais do que quando não vai além de um bate-boca pela rua. É a chance de escancarar o problema a toda sociedade. E combatê-lo.
É fácil para um branco sugerir que esqueçamos, que deixemos para lá para não dar publicidade ao racistas. Mas é quase impossível para um negro ser chamado de "sujo", de "macaco" e seguir ali, frio, impávido. Fico imaginando que tipo de emoção deve ter sentido Aranha naquele momento. Em quem pensou? O que teve vontade de fazer? Como reagiria se não estivesse em campo defendendo (muitíssimo bem) o gol do Santos? Por várias razões, ele foi o melhor em campo na fria noite porto-alegrense.
Mas apesar de tudo o que se passou na Arena do Grêmio, a súmula do árbitro Wilton Pereira Sampaio ignora o episódio. Ele cita atraso na volta ao gramado e um rolo de papel atirado no campo. Mas nada a respeito das ofensas racistas, sequer a queixa feita pelo goleiro do Santos, numa reação que manteve o jogo paralisado por alguns minutos. Resta saber se desta vez o apitador irá fazer um "adendo" à súmula (abaixo).
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