Sábado, 04 de Julho de 2015
A escassez de comida na
mesa de muitos paraibanos está levando uma família da cidade de Alagoa Grande
(na região do Brejo, a 148 km de João Pessoa), à uma situação extrema: caçar
roedores para complementar a alimentação. Na comunidade Barreiras, no Sítio
Tambor, virou rotina crianças saírem quase todos os dias, sempre à tarde, para
colocarem armadilhas para ‘rato de Junco’.
A caça ao animal é artesanal e feita em uma lagoa que fica no
centro da cidade. Uma das crianças revelou que há uma semana sua família se
alimenta com rato, porque não dinheiro para comprar a “mistura” e nem outros
alimentos. “A gente vai um dia sim, outro não. A gente mete o pau no ninho e
mata os ratos (sic)”, contou um menino de 10 anos.
O registro da situação de extrema pobreza de uma família que
é comandada por uma mulher de nove filhos foi feito pelo blogueiro Júlio
Araújo. Ele flagrou um grupo de crianças saindo de um matagal com os animais já
prontos para o consumo.
“Eu fui até a casa da família para fazer uma reportagem sobre
um homem que tinha morrido na comunidade. Quando estava iniciando a matéria, vi
as crianças saindo do mato com os animais e todos tratados. Perguntei para qual
a finalidade dos animais e eles foram enfáticos: para comer. Fiquei chocado com
a situação de pobreza da família”, relatou Queiroz, com um tom de emoção.
O imóvel onde a família mora ainda é feito de barro. A casa
de poucos cômodos não possui rede de esgoto, a instalação elétrica é feita com
gambiarras e não há higiene. Para matar a sede, os garotos pegam água de um
açude próximo onde não há tratamento adequado para o consumo. “Podemos dizer
que é uma pobreza muito grande, que não sei mensurar.
Fiquei muito chocado e
comovido. Eles bebem água barrenta que pegam em um açude. Daí, usei o
jornalismo para tentar ajudar essa família e amenizar a dor dessas crianças”,
disse o blogueiro.
Apesar de a maioria dos moradores da comunidade ter acesso ao
programa Bolsa Família, eles – que sobrevivem com cerca de R$ 240 – afirmam que
o dinheiro que recebem não dá para comprar a “mistura” para complementar o
almoço e o jantar, e acabam saindo à caça de ratos para suprir a falta de carne
nas refeições.
O homem que foi encontrado morto, de acordo com o registro
feito na delegacia local, era o chefe da família citada na reportagem e teria
cometido o suicídio porque devia R$ 150 a um comerciante na compra de uma cesta
básica para alimentação dos filhos. Como não tinha condição financeira para
quitar o débito, resolveu tirar a própria vida.
Segundo o Portal da Transparência do Governo Federal, somente
este ano, o município de Alagoa Grande recebeu pouco mais de R$ 4 milhões e 226
mil par atende os beneficiários do Bolsa Família.
O Bolsa Família é um programa assistencial de transferência
direta de renda com condicionalidades, que atende famílias pobres (renda mensal
por pessoa entre R$ 70,01 e R$ 140) e extremamente pobres (renda mensal por
pessoa de até R$ 70).
‘Rato do Junco’
O ‘rato de Junco’ é animal de hábitos noturno e semi aquático que habita formações florestais de Mata Atlântica,Caatinga e Cerrado. É um roedor maior que o rato-comum-das-casas, de cor geral avermelhadas na região superior e cinza ventralmente.Alimenta-se de partes de vegetais aquáticos, sementes silvestres e cultivadas,mas podem até chegar a comerem animais invertebrados. Os ninhos são construídos em touceiras de capim, geralmente em terrenos brejosos; suas ninhadas chegam a até 10 filhotes.
O ‘rato de Junco’ é animal de hábitos noturno e semi aquático que habita formações florestais de Mata Atlântica,Caatinga e Cerrado. É um roedor maior que o rato-comum-das-casas, de cor geral avermelhadas na região superior e cinza ventralmente.Alimenta-se de partes de vegetais aquáticos, sementes silvestres e cultivadas,mas podem até chegar a comerem animais invertebrados. Os ninhos são construídos em touceiras de capim, geralmente em terrenos brejosos; suas ninhadas chegam a até 10 filhotes.
Nordeste
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