Quinta-feira, 02 de Julho de 2015
Jovem, que tem
distúrbios mentais, vive problema do excesso de peso desde criança e necessita
de cirurgia bariátrica para continuar vivendo; ele pode ser levado para Recife
onde deverá fazer tratamento mais rigoroso e delicado
Carlinhos vive sentado
O drama de Carlos Antônio
de Freitas, um jovem paraibano de 28 anos que está com quase 400 quilos e que
precisa tratar a obesidade mórbida, vem comovendo e sensibilizando
profissionais de todo país para a tentativa ajudá-lo.
Carlinhos, como é
conhecido, não consegue andar nem deitar para dormir e vive o tempo todo
sentado. Ele mora no município de Patos, no Sertão da Paraíba, a 320
quilômetros de João Pessoa, e há quase uma década tenta tratar a doença que já
lhe causou outras enfermidades como problemas respiratórios e a diabetes.
O médico
do Programa Saúde da Família (PSF) que trata Carlinhos há pelo menos cinco
anos, Pedro Augusto, contou ao Portal Correio que
o tratamento dele seria uma cirurgia bariátrica, mas os profissionais que
tentam operá-lo esbarram na impossibilidade dele de se submeter às dietas
adequadas, principalmente no pós-operatório, quando é preciso fazer uma dieta
líquida.
"Venho
acompanhando o caso de Carlinhos e o problema é que, além da obesidade mórbida,
ele desenvolveu problemas mentais, é agressivo quando não lhe dão comida e por
isso a família não consegue fazer com que siga as recomendações médicas",
contou.
O médico
disse, ainda, que profissionais de outros estados do país já se interessaram em
fazer a cirurgia bariátrica de Carlinhos, mas quando Pedro Augusto repassa as
informações necessárias e fala sobre a dificuldade que tem por conta do
problema mental do paciente, os médicos acabam desistindo porque é muito
arriscado.
"Se
as recomendações da dieta líquida não forem cumpridas, o paciente poderá ter
complicações que podem levar à morte", analisou.
Família carente
A família de Carlinhos é carente. Ele tem mais dois irmãos, mas mora só com os pais. De toda família, somente o jovem desenvolveu a obesidade que o segue desde criança. Os pais, por não terem formação para lidar com a enfermidade, sempre satisfizeram a vontade que ele tem de comer.
A família de Carlinhos é carente. Ele tem mais dois irmãos, mas mora só com os pais. De toda família, somente o jovem desenvolveu a obesidade que o segue desde criança. Os pais, por não terem formação para lidar com a enfermidade, sempre satisfizeram a vontade que ele tem de comer.
A mãe
contou que sempre que ele queria comer alguma coisa, se não lhe dessem, o jovem
acabava reagindo agressivamente. Por conta disso, todos terminavam atendendo ao
desejo dele, sem pensar que estariam fazendo um grande mal.
Carlinhos
desenvolveu comportamento agressivo e o utiliza sempre que quer comida. O caso
do jovem complicou muito nos últimos anos e ele já não consegue fazer nenhum
tipo de dieta.
O médico
Pedro Augusto disse que, na mais recente tentativa feita em João Pessoa para
ajudá-lo, o rapaz chegou a ficar internado por cerca de dois meses no Hospital
Santa Isabel, mas não ele conseguiu fazer a dieta para obter a redução de peso
necessária para o procedimento cirúrgico de redução do estômago e a família o
levou de volta para casa.
Caminhão guincho
Para se ter uma ideia do drama enfrentado por Carlinhos e seus familiares, basta saber que para transportá-lo de um lugar para outro, tem que ser utilizado um caminhão guincho, pois não há ambulâncias ou outro veículo que comportem o peso dele.
Para se ter uma ideia do drama enfrentado por Carlinhos e seus familiares, basta saber que para transportá-lo de um lugar para outro, tem que ser utilizado um caminhão guincho, pois não há ambulâncias ou outro veículo que comportem o peso dele.
"Há
um tempo atrás, ele era transportado num carro do corpo de bombeiros, mas hoje
em dia isso só é possível com um caminhão guincho, devido ao excesso de
peso", contou o médico.
A última
vez que Carlinhos foi pesado, cerca de quatro meses atrás, em uma máquina para
pesar animais de grande porte, ele estava com 356 quilos, mas o médico Pedro
Augusto disse que ele já teria ganho mais peso e estaria com cerca de 400
quilos.
O rapaz
não se locomove mais e também não consegue deitar-se para dormir, por isso
passa todo o tempo sentado.
O médico
disse que no dia a dia Carlinhos é comunicativo, conversa com todos, é
orientado, mas sempre que começa a fazer o tratamento, ele muda completamente e
começa a desenvolver o comportamento agressivo.
"É
muito difícil para gente que o acompanha, pois o caso é muito difícil. Ele faz
tratamento e toma medicação para o problema psicológico, mas, mesmo assim, a
gente não consegue avançar para o tratamento mais indicado ao caso, que é a
cirurgia bariátrica", revelou.
Esperança
Na luta pela vida de Carlinhos, amigos e familiares criaram perfis nas redes sociais para divulgar e procurar ajuda. Um vídeo divulgado no grupo criado no WhatsApp 'Ajuda Carlinhos' foi compartilhado por diversas pessoas e fez com que o drama dele fosse visto por integrantes da Associação Paraibana de Bariátricos.
Na luta pela vida de Carlinhos, amigos e familiares criaram perfis nas redes sociais para divulgar e procurar ajuda. Um vídeo divulgado no grupo criado no WhatsApp 'Ajuda Carlinhos' foi compartilhado por diversas pessoas e fez com que o drama dele fosse visto por integrantes da Associação Paraibana de Bariátricos.
A
entidade, criada há cerca de um mês e que ainda vem se estruturando na capital
paraibana, conseguiu através de um de seus membro, o médico Eduardo Pachu, uma
internação para tratamento do rapaz no Hospital das Clínicas, em Recife,
capital pernambucana.
Aderlane
Mônica da Silva, que é membro da Associação, informou que o cirurgião
bariátrico Ricardo Pachu trabalha em Campina Grande e Recife. O profissional
conseguiu tratamento na unidade da capital de Pernambuco e Carlinhos deve ser
transferido para lá já nesta segunda-feira (6).
Ela
disse, ainda, que o rapaz deve permanecer internado por cerca de um ano para
poder realizar a cirurgia. "Tomamos conhecimento do problema mental que
tem e estamos preparados para lutar por ele, por isso a necessidade desse tempo
para que chegue a um peso ideal para realizar o procedimento cirúrgico",
disse.
Aderlane
informou que Carlinhos precisa perder pelo menos cem quilos para fazer a
cirurgia. A transferência está sendo programada pela Secretaria de Saúde da
Prefeitura de João Pessoa e pela a unidade do Corpo de Bombeiros de Patos. Os
dois órgãos, conforme Aderlane, estão traçando uma maneira de levar o jovem
para Recife, com o acompanhamento de uma equipe médica.
"Somos
uma entidade nova, que ainda estamos nos estruturando, mas o caso de Carlinhos
nos sensibilizou bastante e sentimos a necessidade da urgência em
ajudá-lo", reforçou.
Por Luciana Rodrigues